terça-feira, 19 de outubro de 2010

Perceberás a solidão...



...quando o telefone for surdo e mudo
...quando não acreditar mais
...quando tiver ninguém para levar ao cinema
...quando não sentir mais saudade

...quando gostar de estar só
...quando idealizar a vida
...quando escrever estes versos.
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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Eu...



É pouco eu sei
Mas é o que há
O que eu posso oferecer
Além dessa vontade
De fazer o mundo sorrir?

É tanto eu sei
O que há para fazer
Eu só tenho uma vida
E essa força de vontade
De nunca e nunca desistir

De que valem as palavras
Se não se faz o que se fala?
Eu quis te dar o mundo
E esqueci que basta um abraço

É pouco eu sei
E há tanto a saber
Ser mais seguro e decidido
Apostar no impossível
Que ainda vale a intenção

É tudo o que sei
E há tempos fujo disso
Com medo do improvável
De acreditar que o acaso
Também tem um coração

De que valem minhas palavras
Se não faço o que eu falo?
Eu so queria uma chance
E provar que se pode ser feliz
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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

O Porto de Cirdan...


Ano após ano, constantemente fluem
em direção ao mar os Sete Rios;

as nuvens passam e a luz do Sol rebrilha,

os caniços e os salgueiros ainda ondulam,

pela manhã e à noite, porém nunca mais
desceram navios em rumo ao Ocidente,
através das águas mortais, como desciam antes
e todas as suas canções emudeceram.

J. R. R. Tolkien (traduzido por William Lagos)

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Choramingas...



As sombras em que habitam os Choramingas
São escuras e úmidas como tinta nanquim.
Sua campainha toca baixo e lentamente,
À medida que você afunda no lodo.

Você afunda no lodo, se algum dia ousar
Ir bater à porta de sua casa,
Onde gárgulas sorridentes espiam fixamente
E as águas fétidas se derramam.

Ao lado da margem apodrecida da corrente,
Pranteiam os salsos-chorões,
E as corvogórgonas pousam lugubremente,
Crocitando enquanto dormitam.

Através das Montanhas dos Falcões-Vigias o passo é longo e cansativo
Por um vale mofado em que todas as árvores são cinzentas de bolor,
À beira de uma poça grande e escura, que nem vento, nem maré agita,
Sem lua e sem sol, é que se escondem os Choramingas.

Os porões em que se assentam os Choramingas
São profundos, úmidos e frios,
Iluminados pela luz doentia de uma única vela,
É ali que eles contam o seu ouro.

Suas paredes escorrem e seus tetos pingam;
Seus pés sobre o assoalho
Caminham de leve, em borrifos e esguichos,
Enquanto eles deslizam até a porta.

Espiam ardilosamente através de uma fenda,
Seus dedos se esgueiram a tatear;
E, quando terminarem, irão buscar um saco,
Para colocar os seus ossos e guardar.

Além das Montanhas dos Falcões-Vigias, a estrada é longa e cansativa,
Através da sombra das aranhas, cruzando o Pântano dos Sapos Mortos,
Através de um bosque de árvores de enforcados e de erva-de-patíbulo,
Você vai encontrar os Choramingas e os Choramingas vai alimentar.

JRR Tolkien (tradução de William Lagos)

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Acreditar...


Eu queria ser um super homem
E nunca mais ter que dormir
Fazer o que for preciso
Minimizar a descrença no devir

Messias em um mundo cético
Onde tudo se desfaz ao vento
Ser mais ameno e menos crítico
Apreciar o puro movimento

Eu queria ser como o cabeludo
Ter mais coragem no que acredito
É no exemplo que se demonstra
Como é frágil e também bonito

Eu queria apenas um sinal
Que me preenchesse os sentidos
Para aceitar que o infinito
É um dos deuses mais lindos

Mas ainda é possível
Acreditar na força de um sorriso
Mais ainda é possível
Subtrair a indiferença e o egoísmo
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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

E se...


Sempre quis o impossível
Para fugir do que é real
Por insegurança ou medo
Criou teu mundo à parte

Fingindo que está bem
Sempre com um sorriso
Mas apenas eu sei
O que está aí dentro

Linda como não se viu
Fala sobre o tal amor
E assim acredita na mentira
Repetida várias vezes

Se posso te dar algo
Aceite estas palavras
Porque saber amar
É saber deixar alguém te amar


(agradeço ao Herbert Vianna pelos dois últimos versos)
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