Ano após ano, constantemente fluem em direção ao mar os Sete Rios; as nuvens passam e a luz do Sol rebrilha, os caniços e os salgueiros ainda ondulam, pela manhã e à noite, porém nunca mais desceram navios em rumo ao Ocidente, através das águas mortais, como desciam antes e todas as suas canções emudeceram.
J. R. R. Tolkien (traduzido por William Lagos) . . .
As sombras em que habitam os Choramingas São escuras e úmidas como tinta nanquim. Sua campainha toca baixo e lentamente, À medida que você afunda no lodo.
Você afunda no lodo, se algum dia ousar Ir bater à porta de sua casa, Onde gárgulas sorridentes espiam fixamente E as águas fétidas se derramam.
Ao lado da margem apodrecida da corrente, Pranteiam os salsos-chorões, E as corvogórgonas pousam lugubremente, Crocitando enquanto dormitam.
Através das Montanhas dos Falcões-Vigias o passo é longo e cansativo Por um vale mofado em que todas as árvores são cinzentas de bolor, À beira de uma poça grande e escura, que nem vento, nem maré agita, Sem lua e sem sol, é que se escondem os Choramingas.
Os porões em que se assentam os Choramingas São profundos, úmidos e frios, Iluminados pela luz doentia de uma única vela, É ali que eles contam o seu ouro.
Suas paredes escorrem e seus tetos pingam; Seus pés sobre o assoalho Caminham de leve, em borrifos e esguichos, Enquanto eles deslizam até a porta.
Espiam ardilosamente através de uma fenda, Seus dedos se esgueiram a tatear; E, quando terminarem, irão buscar um saco, Para colocar os seus ossos e guardar.
Além das Montanhas dos Falcões-Vigias, a estrada é longa e cansativa, Através da sombra das aranhas, cruzando o Pântano dos Sapos Mortos, Através de um bosque de árvores de enforcados e de erva-de-patíbulo, Você vai encontrar os Choramingas e os Choramingas vai alimentar.